Bom dia, Tristeza.
Sempre achei besteira desejar “feliz natal”. É meio óbvio que o Natal sempre é uma data feliz, salvo raros casos de doenças, perdas, tragédias…coisas assim. Mas percebi que não, às vezes uma tristeza pode se instalar silenciosamente e roubar a magia que o Natal guarda. E foi assim. Uma tristeza me abateu e se apossou tão calmamente, que quando percebi, já nem tinha forças pra sair da cama.
Fiquei me perguntando que diabos era aquilo? O que estava acontecendo? Eram aquelas malditas forças ocultas vindo me atormentar justo no Natal. Justo no Natal! E então, foi a pior véspera da véspera de Natal da minha vida. Fiquei perambulando, como se estivesse procurando algo, e estava, minha vida, talvez. Não importa o que me falassem ou o que fizesse, meus pensamentos sempre se voltavam pra aquela maldita tristeza, que eu já estava pra dar um nome, de tão íntima que estávamos. Aliás, sempre fomos. Imagine uma coisa que mora com você, sai com você, fala com você. No fundo, a gente já era até amigas. Mas a que ponto eu cheguei? Amiga da tristeza… Acho que estou pobre de amigos. Deplorável, deplorável!
Então, eu acordei na véspera de Natal, pedindo que o Papai Noel tivesse me deixado um presente antecipado: felicidade. Mas que nada, acordei querendo não acordar. Me levantei, quase arrastada, e fui…e fui…fui fazer coisas que se faz na véspera de Natal. Na verdade, se bem me lembro, não tinha era nada pra fazer. Que milagre, eu que sempre vivo atarefada, lendo, comendo, dirigindo, tudo ao mesmo tempo. Acho que foi essa falta do que fazer que permitiu que a tristeza se instalasse. Ou não, foi o remédio que eu esqueci de tomar. O maldito remédio! Ou não foi nada disso, foi baixa resistência do sistema nervoso. E eu não deveria estar fazendo essas suposições, eu disse que iria falar do Natal!
Pois bem, voltando ao Natal. Passei a véspera fora de casa, com outra família, na verdade, a minha segunda, sem parar de pensar na primeira. A ceia foi como haveria de ser, e eu…eu já nem sei dizer como estava. Quando tudo acabou, saí, com a esperança inútil de que meu Natal melhorasse. Perdi a chance de ficar em casa tendo uma boa noite de sono. Fazer o quê? Essa tristeza é avassaladora mesmo, e no pior sentido da palavra.
Mas enfim, as coisas começaram a melhorar. As águas, de turvas, passaram a translúcidas e depois clarearam até a transparência. A tristeza me deixou e com certeza foi assolar a outro. Que pena, justo no reveillon. Justo no reveillon! Uma coisa eu percebi nesse Natal, que Elis, quando disse: “tristeza não tem fim, felicidade, sim”, estava certa; não porque a gente passa mais tempo chorando do que rindo, e sim porque quando mergulhamos num poço de tristeza não encontramos um motivo sequer pra sorrir, enquanto que a felicidade, frágil como há de ser, sempre esbarra numa pontinha de tristesse.
Mayara Luma Maia