8.06.2006

Uma Taça de Nostalgia


Dizem que com o tempo a distância entre mães e filhas diminui, e o que resta são antigas amigas bebendo vinho tinto, e conversado sobre homens. E foi o que aconteceu. Quando me dei conta estávamos deitadas numa cama king size trocando receitas culinárias. Estranho, mas verdadeiro!
Estávamos como antigas amigas, sem mais aquele receio de estar na frente da “tia fulana” ou de falar, sem querer, alguma coisa que não devia. Segredos agora, não existem mais! E as receitas eram só um pretexto para estarmos juntas. Copiamos novos pratos, discutimos o tempo que as comidas deveriam permanecer no fogo, até que mudamos de assunto.
Enquanto todo esse assunto culinário corria, a novela passava desapercebida, até que uma personagem, da nossa idade mais ou menos, revelou ao namorado que estava grávida. E aí começamos a falar de sexo, de novo como antigas amigas. A “tia fulana” (muito mais para fulana do que para tia) revelou que seu maior medo na adolescência era engravidar. Com tal declaração, constatamos que ela já não era mais virgem quando casou, provando que as coisas, antigamente, eram exatamente como são hoje. E aí começamos a falar de orgasmos, medos, inseguranças, como prender e perder um homem. Sempre como antigas amigas.
Depois fomos para a cozinha, comemos, rimos, reclamamos dos namorados e, ela, do marido. Reclamamos como mulheres que reclamam da vida, dos preços que sempre sobem, da casa que está sempre bagunçada. Reclamamos dos guardas de trânsito, das crianças que crescem cada dia mais cedo...e de repente, me dei conta de que somos mulheres agora, não mais as adolescentezinhas de ontem.
Tanto assunto, tanto papo, trouxe uma nostalgia ainda desconhecida, que nos trouxe a imensa vontade de ler antigas cartas e reviver alguns momentos. Vasculhamos, descobrimos caixas que guardam parte da nossa história. Convites de 15 anos, cartões de aniversário, e cartinhas de eternas amigas. Revivemos grandes momentos, enquanto pensávamos o que cada um de nós estava fazendo agora. Percebi que já não somos tão novas, nem tão velhas. Já temos história para contar e lembrar, enquanto ainda existem muitas páginas da nossa vida em branco.
E como essa noite terminou? Ah, nossas conversas entraram pela madrugada. Esquecemos de todos os compromissos que tínhamos no dia seguinte. E na hora de ir embora, a única coisa que faltava: “ ei, meninas, quando vocês voltam aqui para a gente tomar um vinhozinho?”
Em breve, tia, espero que muito em breve.

Mayara Luma Maia

8.01.2006

Love generation, que nada! Fluotexine lovers generation!


Foram cinco, cinco caixas de felicidade. Não era à toa tanto riso, tanta alegria, nem foi de graça. A felicidade custa caro. Para quem não sabe ou não conhece, a felicidade vende bem pertinho de casa, ali na esquina ou naquele cruzamento difícil de estacionar. Ela custa alguns tostões, mas infelizmente, está sob o controle de uns caras que vestem branco e têm um papelzinho que concede a qualquer um o direito de adquirir uma caixinha dela.
"Felicidade enlatada", ops..."encapsulada"; onde já se viu?! Só esse mundo moderno mesmo. E a menina continua lá, se "enfeliciando", se enchendo daquele trequinho azul. Ela já nem aguenta mais, o seu organismo já não tolera mais tanta agressão. Mas deixar de ser feliz, jamais!
Agressão...Que agressão??? Tristeza é a pior agressão que existe! Que mal tem em tomar uns bagulhinhos azuis? O que é melhor, ser triste ou ser dependente de uma coisinha azul tão fraquinha? Essas perguntas permeavam a mente da pobre garota. Pobre?! Que pobre nada, pobre é quem vive triste!
Hora de rir, hora de chorar, hora de falar, hora de calar, hora de pensar, hora de não pensar, hora disso, hora daquilo... Aquela menina tinha hora para tudo. Sim, era aquele negócio azul que a controlava. Controle das emoções, onde já se viu?! Só esse mundo moderno mesmo....
Por vezes a menina se perguntou se a medicina fazia bem a ela. Estariam os problemas, as infelicidades, as insatisfações daquela pessoa sendo "azulmente" mascaradas? " Foda-se eu quero é ser feliz!".
Ser feliz... O que é ser feliz? Não raro, a felicidade é azul e cara. Mas desde quando a felicidade tem cor e preço?! Ai, ai... só esse mundo moderno mesmo!

Mayara Luma Maia

02/06/06